Arquivos: Pedagogo Libertário

Por. Juan Puig Elías

30/07/1898, Sallent (Barcelona).

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Nascido de família camponesa republicana, de ideias avançadas , estudou em Barcelona e tornou-se um professor. Continuador das ideias de Francisco Ferrer e sua “Escola Moderna”, montou sua primeira escola na cidade de Artés na Catalunha. Desenvolveu seu próprio método pedagógico através da Escola “La Alegria Cultural”, “Escola Natura”, Colônia Escolar e a sua revista infanto-juvenil “Floreal”.
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Foi professor da escola nacional da CNT no bairro operário de “El Clot” em Barcelona, que sobreviveu à ditadura de Primo de Rivera. Teve sua própria escola, desenvolveu escolas libertárias dominicais e de cooperativas, publicou folhetos e livros.

Sempre voltada para a educação com liberdade, de valorização a personalidade e as iniciativas das crianças, já na sua primeira infância. Contrapondo-se a fé cega e a rigidez metodológica da escola religiosa.
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Em 1931, com a proclamação da república, a escola veio a desenvolver-se.
Juan Puig Elias teve sua militância libertaria, realizada na vida diária dos Sindicatos da CNT/AIT da Espanha, foi encarcerado 33 vezes, por atuar desde os 13 anos no movimento sindical, participando das Ações, Congressos e Comícios do Sindicato, exercendo diversas funções no Sindicato e na Federação Nacional do Ensino e das Profissões Liberais.

Partidário da liberdade, da organização coletiva e da justiça social, defendia uma orientação “Comunista Libertaria” (municipalismo libertário) de cunho anti-autoritário que serviu de base para as coletivizações durante a revolução.
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Na Revolução Espanhola, no dia 27 de julho de 1936, foi nomeado pela Assembléia Geral do Sindicato Único das Profissões Liberais da CNT/AIT, como delegado para representar a C.N.T. no organismo que haveria de controlar o ensino na Catalunha durante a guerra.
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Assumiu a responsabilidade da organização do Plano Geral de Ensino que viria reorganizar o Ensino Público, através do C.E.N.U. (Conselho da Escola Nova Unificada), do qual foi idealizador e presidente, dirigiu o ensino nessa região, marcando grande progresso na mesma, mediante a aplicação de métodos pedagógicos em consonância com suas ideias. Posteriormente foi indicado por sua organização para a coletivização do ensino, junto ao Ministério de Instrução Pública e Belas Artes, o que lhe permitiu realizar uma ação de saneamento no mesmo e imprimiu uma tônica ao ensino, isenta de todo dogma e partidarismo.

Dentro do esforço para proteção das crianças nas zonas de guerra junto com os companheiros, montou uma Colônia Escolar nos Pirineus, para proteger e educar os filhos dos combatentes.
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O longo braço nazista alcançou a Escola, a Gestapo, atuando por trás das fileiras de guerra, em território espanhol, com ordens de atingir a família de Puig-Elias, e com a informação de que este teria um filho na escola, raptaram uma menina de nome Alba. No dia seguinte, depois de intensas buscas nas redondezas esta foi encontrada morta amarrada a uma árvore, em meio a um bosque, onde foi deixada para morrer de frio. O que foi feito com ela não se sabe.

Terminada a guerra espanhola, teve que exilar-se como outras centenas de milhares de espanhóis à França, onde esteve sujeito ao trato em Campos de Internamento, até que professores franceses gestionaram sua saída dos mesmos, indo trabalhar, como camponês em terras que lhe foram doadas por esses professores. Mantendo uma luta de resgate e libertação dos internados.

O exercito alemão nazista, na 2ª guerra, invadiu a zona da sua residência, incorporando-se então às Forças de Resistência, junto com seu filho mais velho, outros companheiros e franceses, permanecendo nas mesmas até a derrota total do hitlerismo.

Ao finalizar a guerra, com a destruição do nazismo e depois da frustração de verificar que o franquismo, seu aliado moral e material, como filho natural que era, foi respeitado e auxiliado pelas democracias triunfantes; contrariando a opinião geral e as promessas de tempos difíceis, prosseguiu a luta contra o totalitarismo imperante na Espanha, ocupando postos de luta, tanto em sua organização como no organismo criado pela aliança das forças antitotalitárias espanholas.

Vencido o nazismo (2ªGuerra Mundial), entre 1945 e 1948 realizou comícios e conferências por toda França (París, Tolosa, Montalban, Bordeus, Narbona, Nimes, Marsella, Condom, Tours, Gleny, Agde, Brest, Rennes, Mende, Rouen, Sainte Livrade, Villeneuve-sur-Lot, Cherbourg, Casteljaloux, etc.).

Em 1946, nomeado como Secretario de Cultura e Propaganda do Comitê Nacional do Movimento Libertário Espanhol no Exílio, desenvolveu um trabalho que mereceu reconhecimento de todos os setores espanhóis exilados. Com a colaboração de um grupo de professores organizou por correspondência, cursos de ensino gratuitos, onde foram ministradas variadas matérias, desde a Sociologia até o Esperanto. Igualmente tiveram lugar, em Paris e Toulouse, exposições de arte Espanhol no Exílio, com tal êxito que ultrapassou as esperanças de todos, também entre autores exilados espanhóis, celebrando-se um concurso de obras teatrais e muitas outras atividades.

Em 1952, ele se mudou para o Brasil, Porto Alegre, para sobreviver montou uma livraria, pois foi impedido de lecionar pelos jesuítas e os padres Maristas da Igreja Católica que controlavam a Educação localmente.

Presidiu Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos onde engajado, numa ação cultural, beneficente, de denuncia e de luta contra a repressão na Espanha.

Voltou a enfrentar Falangistas e Stalinistas.

Enfrentou os “stalinistas” que para evitar sua gestão, deram um golpe “nacionalista” na entidade, ocupando suas dependências à força, mas foram derrotada política e judicialmente pela comunidade, após um longo processo.

Colaborou na revista Horizontes (1937), é autor de diversos livros e folhetos, como Discursos y conferências (1936), Origem da festa de Natal (1938), O homem, o meio, a sociedade -Os fatores determinantes da conduta do individuo – 1970.

No Movimento Libertário Brasileiro, fundou o Centro Cultural e Artístico de Porto Alegre, (C.O.B./A.I.T.).

Membro do Secretariado Intercontinental da CNT no Exílio, participou de algumas conferências locais, nacionais e continentais.

Denuncia:
Desde 1972, estava enterrado no Cemitério da Sociedade Espanhola de Porto Alegre, hoje em local incerto e não sabido.
Depois da morte de Franco, com o lema de união, a Sociedade Espanhola foi anexada pela Casa de Espanha/Governo Espanhol.
Com o objetivo de destruir os túmulos e a memória dos combatentes ali enterrados. Doaram a área para a construção de um crematório.